De que falarei senão do impossível?
Um poema é meramente um recôndito impossível. Uma luz indefinível tentando romper com o véu da realidade...
Um poema não é mais que um soprovivo em uma tardetriste.
Exatamente assim. "Soprovivo", "tardetriste"... união impossível.
De que falo senão da rocha ensimesmada em um mundo de nostalgia e ilusão? O que é o poeta senão o passante perdido nesse mundo de grito e silêncio?
Nele o poeta tentará dormir, mas o sono também será de uma luz e de um alívio incansável. Nele o poeta tentará dizer palavras compreensíveis, mas compreenderá apenas a tentativa fracassada de romper em versos o que sua natureza encobre. Nele o poeta se reconhecerá no vento que banha o rio transportando gotas de água e luz.
O que é a poesia senão todo esse desfecho desvairado em que o poeta está perdido? O que são seus versos senão o rompante augusto colocando em opostos lados ilusão e realidade?
Direi então sem mencionar no sopro o intemerato grito. O poema apenas é meramente o sonho perdido no recôndito insondável de um ser que sente.
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