segunda-feira, 21 de maio de 2012

CAOS










A linha se extinguiu
E o mundo ficou perdido no caos.
A cor que existiu
Ficou entre a luz e a escuridão.

A rasura se partiu
E o caos se intensificou,
Pois o rochedo cobriu
Toda a ordem que restou.

Foram-se os conceitos,
Foram-se as certezas,
Foram-se os preceitos
Juntos com a lucidez
Desde a primeira vez
Com as correntezas.

Tudo quanto restou
No meio do caos se sumiu,
No meio do caos se ficou
E junto com o caos se indefiniu.

LONGE DO MAR















Longe do mar
Cerrou-se o leme,
Quebraram-se os barcos
E deles tiraram as velas
Para alumiarem as noites
Escuras e sonolentas.

Longe do mar
Meus braços cansaram-se
Porque gastaram todas as suas forças
Para arrastar meu corpo
Como se arrasta um barco
Sem água.

Longe do mar
A gravura sobre a rocha
Entra na pedra
Na busca desenfreada
Pela última gota do mar
Que ficou perdida
Neste recôndito
Mais fundo.

A IMAGEM EM MOVIMENTO













A imagem em movimento
Quis guardar para si
A nudez de todas as árvores,
As expressividades de todas as palavras
E o movimento universal de todos os astros.

A imagem em movimento
Queria também a pureza da tinta branca,
O azul mais fundo
Do único céu que cobre o mundo.

A imagem em movimento
Queria que todos os sinos calassem para sua passagem,
Que o forte redemoinho que arrasta as vidas
Fosse diminuindo à medida que ela andasse para o norte
E as pessoas tão pesarosamente
Fossem se acostumando com a ideia da morte.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

EU CONFESSO


Daqui olho a cidade
E confesso ter muita saudade
De caminhar nas ruas
Sem o medo que agora me mede.

Confesso ter agora mesmo
Pensamentos mais pesados do que posso
Com todas as minhas forças carregar
E mesmo bem preparado fisicamente
Não está bem preparada
A minha mente.

Confesso que daqui de minha parada
Onde quase todos os dias
Observo a cidade
Fica um pedaço de mim
Quando vou para o quarto
E adormeço num sonho
Que me leva tontamente
Para uma degradação que me invade.

Dormir
É
Estar
Morto.

DIAS















Há dias que a alma parece querer
Pular para fora de meu corpo.

Há dias que meu coração
Também quer fazer o mesmo movimento.

Há dias que me bate uma descrença
Ininterrupta e infundável.

Há dias que cogito alucinadamente
E me bate uma desconformidade psicológica
Que até minha matemática objetiva
Perde a lógica.

A onda



 








A onda vem.
A onda vai
E neste vai e vem
Anda a onda.

A onda vibra.
A onda fica,
Pois a onda tem
Expressividade
Presumida.

A onda divaga.
A onda se alaga,
Pois andando
A onda
Parte e fica.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Carta a Anderson Braga Horta




Estava eu aqui a me abanar como os diabos, com um calor que não faz inveja a nenhum deserto estrangeiro ou africano, como bem se queira dizer, acrescente-se a isso um tédio daqueles que afetam tão acuradamente os pobres espíritos cansados das mesmices insuportáveis quando alguém me bate a porta. Muito relutantemente resolvo abri-la, para meu bem, e vejo uma pessoa bastante conhecida (meu pai) que me coloca na mão dois pacotes de um papel branco com dois grandes carimbos que logo percebi se tratar de uma encomenda postal.
Ainda me abanando como os diabos, digo isso porque na Bahia, meu estado por natureza, agora em 2012 estamos vivendo a pior seca dos últimos 30 anos. E pasme, meu caro poeta, não vivo no sertão e aqui chove um bocado às vezes uma chuva tão pingada que a terra se afunda nos pontos mais ressecados. Sempre uma chuvinha que vem como quem não quer nada, como quem não quer molhar, mas molha de tempos em tempos. Ah! Como eu queria que estas chuvas esparsas molhassem a sequidão do coração de tantos desafortunados que vejo ininterruptamente diariamente ao meu redor perambulando nesta vida sem saber realmente para onde vão.
Mas tudo bem, como que eu estava a dizer, recebi o envelope nas mãos e não tentando controlar minha sanha curiosa como a peste resolvo, sem demora, ler as palavras escritas nos dois envelopes que recebi. Neles estava escrito o seguinte: ao poeta Leon Cardoso. No verso, em forma de carimbo estava o nome do remetente: Anderson Braga Horta. Num primeiro momento fiquei lisonjeado de alguém estar a me chamar de poeta, pois isso é uma das designações mais superiores que alguém possa fazer referência a outrem. Ser poeta, para mim é uma tarefa tão sublime, tão significativa e tão superior que se bem da verdade não sei se mereço tão superior designação, embora eu faça meus versinhos despretensiosos e ache a melhor das honras ser definido como tal.
 Logo quando vi o nome do remetente minha sanha curiosa se intensificou de tal forma que até agora tenho dó dos envelopes me posto às mãos (risos). É que lhe tenho poeta (Anderson Braga Horta) como um dos maiores poetas da atualidade, um dos maiores escritores e, agora, uma das pessoas mais generosas a bem falar de sua iniciativa em saciar com seus versos a fome poética de um leitor tão longe geograficamente.
Nos volumes entregues pelos correios estava duas obras que até agora eu só tive o prazer de vê-los pela internet, quer dizer, não o conteúdo dos livros, mas tão-somente suas capas muito bem feitas por sinal. Os livros são “Soneto Antigo” e “Signo” como tu bem sabes poeta. Para não dizer que não conheço nada destas obras vale dizer que nelas há alguns poemas que tu divulgaste na internet. E devo dizer que os li com muito prazer. Ainda bem que existe a internet para conhecermos poetas como você.
Entretanto, embora eu tenha lido alguns poemas destes respectivos volumes pela internet, devo advertir que nada substitui pegarmos o livro impresso nas mãos, folheá-lo, sentir sua densidade da mesma forma que sentimos a viração amena num dia quente, como é o meu caso neste dia de hoje. Teus livros apareceram para mim como estas virações agradáveis para refrescar minha alma e acalmar o meu tédio.
Por isso quero muito agradecer tua iniciativa de enviar-me estes dois volumes sem cobrar-me nada por tão generosa iniciativa. Para falar a verdade, tua iniciativa tão cordial se de mim fosse cobrado algo por ela eu, certamente, não teria um valor para ti reembolsar não pelo custo de teus livros, mas de tua cordialidade tão necessárias para nossos tempos carecidos destes valores. Por isso, quero te dizer que teus livros não ficarão jogados na minha pequena biblioteca, perdidos em meio a outros que tenho, mas serão lidos, possivelmente relidos e passados para outros de meu círculo de amizade lê-los. Procurarei a melhor interpretação, a melhor inclinação intelectual, um melhor ângulo e, igualmente, um melhor juízo para interpreta a tua obra.
Nesse sentido devo dizer que como poeta não poderia deixar de te remeter, nesta carta, alguns de meus poemas certamente mais significativos para o autor, se os leitores se sentirem tocados por eles a poesia estará, por sua vez, cumprindo o seu papel ao poeta não mais que o seu dever. Assim, vou te deixar uns versos que saíram de minha lavra após eu ler alguns de teus poemas. Eu tenho o costume de ler os grandes poetas e aprender algo com eles e, de você e de Quintana, aprendi que o poema verdadeiro é aquele que “dá a impressão de estar lendo a gente e não a gente lendo ele”.


Quando nasci
  
Quando nasci um anjo amigo
disse-me: vai ser sem se preocupar com o haver.
Eu não entendia o mundo e fiquei com isso
martelando na minha mente
por mais de vinte anos
e só agora compreendi que entre o ser e o haver
há um permanecer cercado de finitudes
embora o anjo não tenha falado, tão precipitadamente,
em quimeras existenciais.


Loucura
  
Súbito
este olhar
no meio de luzes
olhar.

Súbito
este rio
tão loucamente
achando que é mar.

Súbito este encanto
no meio de encantos
se achar.

Súbita esta queixa
no meio de queixas
não se queixar.


Balanço das horas

Todos os seres dependem das horas,
pois são elas que ditam nossos passos
dependentes das horas
os seres vivem nos seus embaraços.

Há horas tristes, alegres
horas de acordar e viver
igualmente horas desprevenidas
horas também de morrer.

Os seres são escravos do tempo
e vivem assim na medida
tentando aprisioná-lo num invento.

Um vai bem alegre, outro entristecido
mistura-se numa queixa perdida
esperando envolver-se no indefinido.


Rotação

 Rola esfera
assim como fera,
pois nessa quimera
o homem vive e erra.

Rota espera
nessa quimera
roda a terra,
pois o homem
é a junção
da razão
com o coração.


Teu coração
  
Teu coração
pudera
sem
pretensão
ser maior que o mundo.

 Teu coração
pudera
ser ainda mais fundo.

Teu coração
esta
quimera,
entretanto,
não pudera
dizer
ao mundo
que de sua morada
os pesares passam
com ou sem aleivosia
no fim de um dia
logicamente
quando
se
tem
poesia.

Se de mim precisares de algo ficarei prazeroso em te servir, grande poeta.

Jacobina, terça-feira 24 de abril de 2012
Atenciosamente: Leon Cardoso da Silva


quarta-feira, 9 de maio de 2012

POEMAS ÁSPEROS



















PREFÁCIO

Há poucos dias chegou às minhas mãos este livro do poeta Leon Cardoso da Silva que é um jovem poeta baiano. Confesso que li os seus “Poemas ásperos” esperando uma produção aos moldes de João Cabral no sentido em que o título sugere, mas para minha surpresa estas asperezas são carregadas de pitadas de introspecção-filosófica misturada a uma intensa penetração metapoética, além de ser carregada de certo objetivísmo, ainda que este último seja em menor grau. Eu até que poderia dizer que há poemas bastante inspirados para distingui-lo do projeto poético de Cabral como fiz menção, anteriormente.

É uma produção que tem seu quê de originalidade vanguardista aliada a fortes tendências da produção literária histórico-nacional. Possivelmente este livro seja o que representa o maior grau de maturidade do poeta que, por sua vez, não pode ser mais encarado como um estreante na produção literária brasileira a bem falar de seus outros livros igualmente bem escritos “A inquietude de ser”, “Barco a vela”, “À procura da poesia”, “Chuva de pedra”, todos de poemas. Todavia, talvez seja no romance “O solitário Mário” que o autor se realiza mais plenamente escrevendo seu nome entre bons prosadores desta geração.

De qualquer forma, os “Poemas ásperos” parecem falar por si próprios, uma vez que seus poemas bastante sugestivos e audaciosos representam, indubitavelmente, o sujeito fragmentado em uma sociedade, também, fragmentada. Os poemas parecem recortes intencionais, ora representando este sujeito diante dos problemas do mundo, ora diante de si próprio como que se estivesse diante do espelho e visse o outro.

É por essas e outras que digo que o poeta, jovem poeta baiano está entre os poetas mais expressivos e atuais de nossa contemporaneidade. Tem o mérito de mesclar tendências literárias do passado e do presente para construir uma poética singular, expressiva e inquietante.

Marcos A. de Miranda


ALGUNS POEMAS DO LIVRO


QUERO UM POEMA

Quero um poema áspero
Que de toda natureza
Se desates
E em toda a sua extensão
Nas insutilezas
Leia-me a alma.

Quero o poema áspero
Nascido da aspereza
De naturezas castas.
Poema que deixe gosto
Que a cor desgasta
Onde o amor sentido
Com a razão se contrasta.

Poema como pedra,
Como chão seco e frio.
Poema como desertos
Que não conhece rio,
Mas que de tudo fale
E que diante das asperezas da alma
Não se cale.


INDELICADEZAS

Carne, sol, indelicadezas.
Fumaça de cigarros
Sopros de asperezas.
É por estas coisas
Que no século XXI
Os versos se petrificam
Embora a poesia
Continue sua realização mais pura
Nos sopros tênues,
Nas divagações
Não arrefecidas.


AUTO-EXPLICAÇÃO

Tento me explicar,
Mas tudo é em vão.
Este enjoo que tento disfarçar
E que quer me tornar mais fraco
Diante do espelho
Parece querer dizer que sou
Impuro ar comprimido,
Alucinações tortuosas
Cambaleio desafortunado da quimera.

Tento me explicar,
Mas no fim de tudo
Percebo que tudo
É em vão,
Mas não por falta de estudo
E sim porque dentro de minha explicação
No seu lugar mais fundo
Habita um deus inexplicável
e mudo.


DESENCONTROS

Desencontros! Sim!
É exatamente isso.
Minha vida e feita de desencontros
Silêncios nas horas incertas
Estrondos nas horas certas
Amores com todas as suas faltas de cores.

Desencontros! Marchas cansativas
Entre o desejo e a inoperância,
Entre a combatividade e a ignorância,
Entre o pós e o antes,
O a favor e o contra.

Desencontros entre dois seres,
Dois mundos,
Duas palavras antonimamente gêmeas:
O amor e a dor.


DESASSOSSEGO

O ar da noite não entra mais em meus pulmões.
A pulsação mais forte não passa
De milésimos de segundos
E meu coração parece andar de muletas.

Flácidos em suas entranhas
Parece que meus pensamentos
Cometeram crimes inafiançáveis,
Assassinatos cruentos
E se esqueceram de enterrar-me
No lugar mais fundo
Onde minha decisão não pudesse mais alcançar.

E por isso abro um jornal
E sequer há matéria que fale de meu mal,
De meu terrível padecimento.

Será que o mundo esqueceu
Que é preciso contar as tormentas,
Desvendar os males
Loucos,
Fúlgidos,
Terríveis,
Fugazes,
Presumíveis?


QUE A MÃO DESLIZE

Que a mão deslize
E vá construindo imagens obscuras,
Palavras intraduzíveis,
Pensamentos tresloucados.

Que a mão deslize
E sue frio,
E molhe o papel,
E rasgue as tormentas.

Que a mão deslize
E forme estrofes,
E descubra-se em movimentos,
E alce voos nunca antes alcançados.

Que a mão deslize
Sem muitos cuidados,
Sem muitas aleivosias,
Sem precipitações pensadas.

Que a mão deslize
Construindo juízos,
Arrebentando grades
Apagando a luz da lua cheia de vícios.

Que a mão deslize
E desenhe uniformes palavras
Que fale de homens e de coisas
Com todas as suas trepidações
Incessantes prolongamentos,
Mudas canções.

terça-feira, 8 de maio de 2012

A INQUIETUDE DE SER




















SOBRE A OBRA


Este livro foi escrito a partir do início de 2012 e finalizado em maio deste mesmo ano. Trata-se de um conjunto de poemas que busca uma medida acentuada de lirismo que é pouco explorado em nossos dias. Poemas que vão desde um romantismo comedido até as tendências de vanguardas.

Em outras palavras, estes poemas de Leon Cardoso podem ser definidos como um posicionamento do autor diante de uma contemplação poética do sujeito e do mundo e seu movimento também vai do imagismo cromático ao lirismo introspectivo-filosófico.

Dessa forma, isso não parece ser uma nova fase na poética do autor, que bem soube explorar estes aspectos em seus outros livros “À procura da poesia”, “Chuva de pedra” e, de certa forma, seu mais recente e muito interessante “Barco a vela”.

Em suma, o veio poético que perpassa este livro pode ser equiparado ao de poetas de grande valor para nossa literatura. Por se tratar de um escritor jovem esta obra poderá ser mais conhecida e reconhecida com o tempo, como ocorreu em muitos casos de nossa história literária. Mas isso não quer dizer que o livro não esteja repleto de poemas de alto valor literário e filosófico como eu havia me referido há pouco. Sem sombra de dúvidas este é um dos novos autores de maior espontaneidade e qualidade literária desta nova geração se bem dizer da poética pós-modernista.
Moacyr F. de Andrade

 
ALGUNS POEMAS DO LIVRO
 
 
DESINFORMAÇÃO

Bem, não sei
se a chuva molha este meu coração
se esta breve canção
conduzem-nos para as contemplações.

Bom, não sei
se estes versos serão entendidos
se estes pensamentos retorcidos
dirá em poucas palavras
todo dizer que haverá.

Bem ou bom, não sei
se este poema te falou
só sei que assim bem resumido
ele enfim acabou.


DRUMMONDIANO

No meio do caminho
uma pedra atrapalhou-me a passagem
e assim tão decididamente
chutei-a para bem longe.

No meio do caminho
caminho mancando.
É que a pedra me acertou o dedo.

Maldita pedra no meio.

ECOS

Anda quase vazio
vazio
este meu coração.

Anda quase vazio
vazio
esta minha indecisão.

Anda quase perdida
perdida
o eco desta canção.

Anda quase indevido
devido
esta falta de atenção.

Anda quase perdido
perdido
a luz que ilumina a estação.

Anda quase escura
escura
a vida que se perdeu na emoção.


A CHUVA

A chuva caiu com seus desgostos
e foi água pra tudo que é lado
só não alagou esta desordem
de meus pensamentos
e meus inventos.

Para molhar todas as vidas
seria preciso que este planeta
alagasse todos os dias
e os corações dos seres
não fossem escondidos
nos precipícios dos corpos.


COMPRA EXISTENCIAL












Dê-me trinta gramas de poesia,
um quilo de maresia,
um pacote de nostalgia,
e uma lâmpada para o dia.

Dê-me um frasco de emoção
o silêncio para esta canção
que não sabe acalmar este meu coração.

Dê-me uma dúzia de compaixão
meio quilo de sabedoria
e um saco de alegria.

Dê-me logo estas mercadorias,
pois minha alma está bem prevenida.
dê-me tudo que vou levar
e só voltarei pra pagar
se um dia eu compreender a vida. 

UM GALO













Um galo gritou...
gritou muito durante toda madrugada
e assim de tanto gritar
parece que queria cantar.

Um galo gritou
e quase não quis mais parar
e assim mesmo de tanto gritar
na madrugada fria
quase aprendeu a cantar.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Poemas diversos




POEMA INEVITÁVEL


Nem todo começo tem um fim
e esta dádiva da mente humana
configura palavras, silêncios
obscurantismos desenfreados
auspiciosos encontros
inacabadas promessas.


Nem todo fim é realmente fim,
mas convite a um recomeço.
Nem toda palavra diz.
Nem toda contemplação
afeta as mentas cansadas
e envolve o contemplador
na observação das distâncias.



O HOMEM E O TIGRE

Um tigre ruge
e a pena procura
com sua meta
descrever seu rugido
e ela, a pena, não se afeta
por não conseguir descrever
este rugido indecifrável.


Assim são os poemas
com seus emblemas
imitando o rugido do homem.


O que é este pesar
que fica gritando
no ouvido do poeta
quando ele tenta imitar
o balanço do mar
incompleto e indescritível?

Um tigre ruge
e este rugido
sopesa os corações
dos que ficam a ouvir
seu rugido
nem sempre evitável.


O tigre grita disfarçadamente
e o homem
ao gritar
perde a voz.

O tigre é soberano,
pois vive e não se afeta
com seu dano.


O homem
busca um plano
e quando não consegue
praticá-lo
vive a definhar com o dano.



APONTAMENTOS

No século XXI ficamos presos
alheios a ideias frias
chafurdados em estereótipos
em observações
e ficamos
intrépidos,
receosos de fazer novidades
cortamo-nos nós próprios ao meio.


No século XXI ficamos,
mas parece que vez ou outra
uns dão passos firmes
e vão além das estabelecidas
práticas de fazer.

No século XXI, quem diria
a poesia
se renova
e já nova
define caminhos
observados
e se a profunda
em mares
nunca dantes navegados.



O HOMEM SÓ

Um homem na solidão da campa
pensa imponderavelmente
e no seu pensar contente
vai no soslaio
sua fúlgida brancura.


Pensa, pondera se a vida
é isto que estamos vendo.
Pensa, pondera se a vida
vaga de um porto
para outro porto.


Este homem
na solidão da campa
não via titubear no escuro,
embora fosse dia de inverno
as inclinações dos êxtases modernos.



TUDO VEM A SER NADA

Pensamos, agimos e falamos
com outros seres neste mudo,
e não nos preocupamos com a alvorada.
Seguimos o tempo,
mas no fim de toda esta andança
tudo vem a ser nada.


Gritamos, choramos e até amamos
outros seres com seus corpos,
e neste entrecruzar na entrada
de nosso coração, silenciamos
toda a nossa esperança,
mas no fim das contas
tudo vem a ser nada.

POEMAS REUNIDOS




Para quem deseja conhecer algumas de minhas poesias é só acessar o link e fazer download de uma coletânea de poemas que fiz exatamente para este propósito.

Obrigado pela leitura.




                         DOWNLOAD

http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/3612041