sábado, 11 de dezembro de 2010

Soneto


Quão bom é olhar-te quando vens andado

Na rua longa onde o deserto é mata...

Distante enfim teu olhar tão saudoso e brando

Assim é o meu, mas tudo retrata.


Súbita é minha mente como águas represando

E esse amor em mim tu não desatas...

Na rua deserta continuas andando

Sem nada me observar sem querer me mata.


Me perdoe querida, mas que mal te fizes?

É no alento triste que a dor me segues...

E apossou-se de meu peito e não partides.


Nosso olhar se cruzam e tu nem percebes...

Meu amor enfim que nada te dizes

Se aflora em mim mesmo que tu não regues.

Eu vivo



Eu vivo porque um instante de luz

Fulgurante ofusca.

Eu vivo porque o instante diz

Na solidão que assusta.


Eu canto porque o canto é a vida

Da matéria bruta.

Eu grito porque o grito é o som

Que a morte enluta.


Eu choro porque a lágrima é ardente

Na emoção da luta.

Eu vivo porque a morte é o nada

Que o instante busca.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Violeiro do mar


Canta! Canta violeiro

Não tenha pena do penar.

Canta! Canta violeiro

Para não se afogar.

Canta a paixão que inspira

Sob a luz do teu luar

Além da palmeira erguida

No balanço do infindo mar.

Canta assim na despedida

Violeiro do penar

Para aqueles que estão de ida

Para aquele que quer ficar.

Para os que gostam da partida

Para o que triste soluçar.

Para os que amam a vida

Para os que não querem ficar.

Canta! Canta violeiro

Não tenha pena do penar

Canta assim na despedida

No balanço do infindo mar.