quarta-feira, 2 de maio de 2012

Poemas diversos




POEMA INEVITÁVEL


Nem todo começo tem um fim
e esta dádiva da mente humana
configura palavras, silêncios
obscurantismos desenfreados
auspiciosos encontros
inacabadas promessas.


Nem todo fim é realmente fim,
mas convite a um recomeço.
Nem toda palavra diz.
Nem toda contemplação
afeta as mentas cansadas
e envolve o contemplador
na observação das distâncias.



O HOMEM E O TIGRE

Um tigre ruge
e a pena procura
com sua meta
descrever seu rugido
e ela, a pena, não se afeta
por não conseguir descrever
este rugido indecifrável.


Assim são os poemas
com seus emblemas
imitando o rugido do homem.


O que é este pesar
que fica gritando
no ouvido do poeta
quando ele tenta imitar
o balanço do mar
incompleto e indescritível?

Um tigre ruge
e este rugido
sopesa os corações
dos que ficam a ouvir
seu rugido
nem sempre evitável.


O tigre grita disfarçadamente
e o homem
ao gritar
perde a voz.

O tigre é soberano,
pois vive e não se afeta
com seu dano.


O homem
busca um plano
e quando não consegue
praticá-lo
vive a definhar com o dano.



APONTAMENTOS

No século XXI ficamos presos
alheios a ideias frias
chafurdados em estereótipos
em observações
e ficamos
intrépidos,
receosos de fazer novidades
cortamo-nos nós próprios ao meio.


No século XXI ficamos,
mas parece que vez ou outra
uns dão passos firmes
e vão além das estabelecidas
práticas de fazer.

No século XXI, quem diria
a poesia
se renova
e já nova
define caminhos
observados
e se a profunda
em mares
nunca dantes navegados.



O HOMEM SÓ

Um homem na solidão da campa
pensa imponderavelmente
e no seu pensar contente
vai no soslaio
sua fúlgida brancura.


Pensa, pondera se a vida
é isto que estamos vendo.
Pensa, pondera se a vida
vaga de um porto
para outro porto.


Este homem
na solidão da campa
não via titubear no escuro,
embora fosse dia de inverno
as inclinações dos êxtases modernos.



TUDO VEM A SER NADA

Pensamos, agimos e falamos
com outros seres neste mudo,
e não nos preocupamos com a alvorada.
Seguimos o tempo,
mas no fim de toda esta andança
tudo vem a ser nada.


Gritamos, choramos e até amamos
outros seres com seus corpos,
e neste entrecruzar na entrada
de nosso coração, silenciamos
toda a nossa esperança,
mas no fim das contas
tudo vem a ser nada.

Um comentário:

Carlos Alberto disse...

Nossa!!!!! Seus poemas são perfeitos!!!! Que bom que tem a internet para conhecermos poetas como você!!


Um abraço.